O Desafio da Diferença
18-03-2017
Concluindo o ciclo de conferências que assinalou o 20º aniversário da Infantil do Planalto, no Dia do Colégio recebemos a Professora Doutora Maria Calvo, Presidente da EASSE (European Association for Single Sex Education) e Professora da Universidade Carlos III (Madrid), que veio falar a pais e professores sobre o tema “O Desafio da Diferença – o modelo single sex”.
A afluência à sessão, que decorreu no salão nobre dos Colégios Fomento, demonstrou bem a atualidade que se imprime ao tema e o elevado interesse dos Pais em aprofundar o conhecimento deste nosso modelo educativo.
A oradora começou por enfatizar que a educação diferenciada, na atualidade, não existe como um resquício de uma visão de instrução antiquada, mas antes como uma proposta educativa de vanguarda que potencia as qualidades de alunos e alunas, num contexto de formação personalizada.
Não admitir as diferenças entre rapazes e raparigas, referiu Maria Calvo, é não querer ver as diferenças na motivação, nos objetivos, na compreensão e no próprio desenvolvimento neurofisiológico de cada criança. Esta negação das diferenças psicofisiológicas entre rapazes e raparigas poderá até tornar-se, no séc. XXI, um problema grande, porque pode suscitar a crise da identidade pessoal.
A palestrante defendeu que um modelo de ensino diferenciado por sexos, que não é uma vida diferenciada, configura, em primeiro lugar, um verdadeiro espaço de liberdade para que um jovem possa desenvolver-se sem pressões e ansiedades que sendo típicas das diversas idades, podem afetar o seu desenvolvimento pessoal e académico. Em segundo lugar, este modelo enquadra melhor e fomenta as capacidades académicas de rapazes e raparigas e, por outro lado, potencia o combate ao insucesso escolar. Maria Calvo suportou a sua intervenção em referências claras a vários estudos desenvolvidos, nomeadamente nos resultados do PISA (Programme for International Student Assessment) de 2015 - estudo em que a OCDE colocou o foco nas diferenças de resultados por sexo. Foi concluindo, ainda, que é na educação mista que se mostra uma maior radicalização dos estereótipos masculinos e femininos, no que concerne a comportamentos, áreas de interesse, escolhas das vias académicas, setores profissionais e domínios do conhecimento. Finalmente, referiu os exemplos da Alemanha (onde há mais de 300 escolas estatais com programas de matemática só para raparigas), do Reino Unido (em que 18 das escolas do TOP20 são de ensino diferenciado) e dos EUA (em que se assiste a uma crescente implementação deste tipo de ensino em escolas estatais).
A palestra encerrou com agradecimentos e questões colocadas por pais e professores, às quais a oradora respondeu de forma extensiva.